04/01/11

"Amor é inexprimível, porque não se explica."

Hoje queria escrever sobre uma poeta especial que cria a poesia nitidamente feminista e intimista. Ana Luísa Amaral é a vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa, atribuído no âmbito do encontro de escritores de expressão ibérica Correntes d'Escritas, com a sua obra A Génese do Amor. Diz-se que com o seu décimo livro de poemas, Ana atingiu o auge de sua produção poética.

Como diz a própria autora, A Génese do Amor  “...é um livro sobre o amor humano, nessa medida, ele é necessariamente também um livro sobre a efemeridade do amor humano. Há um soneto do Vinícius de Moraes, muito conhecido, que acaba com os versos "que não seja imortal, posto que é chama,/ mas que seja infinito enquanto dure". É justamente a possibilidade de conter o infinito no finito. É isso que diz a "Última Meditação de Camões", em que o poeta se auto-declara como aquele que queima por versos um segundo, ao passo que a palavra arde eternidade por um som. A única coisa que pode tornar o amor infinito é a palavra. Em termos humanos, em termos terrenos - e é na terra que nós vivemos -, o amor tem sempre essa dimensão de precariedade, e a própria ameaça está lá. Penso que a intensidade também tem a ver com isso. "*

O amor
é o tema mais recorrente desta poeta portuguesa contemporânea. A Génese do Amor  apesar de ser sobre o amor, é também sobre o efémero do amor humano. Como Ana Luísa Amaral explica na entrevista, o amor é inexprimível, porque não se explica. E é mortal. A única coisa que o pode imortalizar é a palavra.
*Ana Luísa Amaral em entrevista com Ana Marques Gastão para o Diário de Notícias (http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=619471)

1 comentário:

  1. A esta entrada aplica-se o mesmo que disse para a entrada "Topografias em quase dicionário". É necessário que as entradas mostram uma reflexão pessoal e aprofundada sobre os textos e sobre os fenómenos literários em jogo. O blogue não é uma actividade de compilação, mas de análise.

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